quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Luz

Velas em torno do livro:
parafina para a fina
flor do saber

Aurora beijando
uma repentina noite
de black out

11/XI/09

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O consumismo alardeado pela mídia *

Um dos sinais do nosso tempo, o consumismo, atende a uma lógica de mercado do mundo virtual em que vivemos, com todas as fronteiras permeáveis pela tecnologia, onde nem mesmo um regime fechado como o da China consegue impedir os blogueiros do país de se expressarem livremente na internet.

Tanto a troca de informações quanto de produtos ou tendências culturais atingiram o ápice na história da humanidade. Os portugueses das primeiras navegações nunca imaginariam a que estágio chegaria aquela empreitada, que passou penosamente pelo capitalismo selvagem do século XIX, em que crianças eram retiradas à força dos orfanatos para trabalharem nas fábricas inglesas até a morte. Não havia jornada de trabalho, leis trabalhistas ou previdência social. Neste contexto, surgiu o socialismo, para corrigir o nascente capitalismo que se mostrava desumano. Tanto que a previdência social apareceu na Alemanha em 1919, a partir do recado dado pelos russos em outubro de 1917.

“Outros outubros virão / Outras manhãs / Feitas de sol e de luz”, disseram os socialistas utópicos dos anos 70. Milton Nascimento, Fernando Brant e Márcio Borges sintetizaram bem nesta canção (O que foi feito devera) o sentimento daquela geração em relação à influência norte-americana em nossa cultura, que, na mesma época, se mostrou tragicamente sob a forma da Operação Condor, fábricas de ditaduras militares em série na América Latina. Cabe lembrar a figura histórica do agente da CIA Michael Santore,também conhecido como Dan Mitrione, professor de tortura que peregrinou por todos os países latinos nos anos 60 e 70 formando assassinos, entre os quais o delegado Sérgio Paranhos Fleury, até ser morto pelos Tupamaros, guerrilha urbana uruguaia. O episódio é narrado magistralmente no filme “Estado de Sítio”, do diretor Constantin Costa-Gravas.

Gestos e tendências

A juventude utópica dos anos 60 e 70 também não poderia imaginar o estágio em que chegaria o sistema que outrora combateu. Não se lhes passaria pela cabeça que um dia pudessem obter gratuitamente O Capital de Marx em segundos e lê-lo em um aparelho eletrônico que pode armazenar milhares de exemplares. Este é sem dúvida um avanço. Se há dois séculos “o socialismo surgiu para humanizar o capitalismo selvagem”, como disse o poeta Ferreira Gullar em entrevista ao jornalista Roberto D’Avila, que foi ao ar no último domingo (25), a internet aparece hoje como agente democratizador e humanitário dentro do sistema em que surgiu o do qual se nutre, o neoliberalismo.

O nome muda com o tempo: grandes navegações, colonialismo, imperialismo, capitalismo e suas variantes: do selvagem ao neoliberal; mas a ideologia é a mesma, forjada no lucro. A escravidão, a exploração do homem pelo homem, são marcas deste modelo que persiste hoje sob a forma do consumismo, alimentado pelas transformações tecnológicas, pela proliferação dos gadgets.

Esta dependência consumista, torpor influenciado pela tecnologia e os meios de comunicação de massa, é sintetizada pelo estar na moda, uma forma de reciclagem cultural permanente de um individuo ou sociedade, baseado na globalização e eliminação das fronteiras culturais, como assinalado por Jean Baudrillard em “A sociedade do consumo”.

Um estilo de vida a cada estação do ano. Os padrões de comportamento mudam, por exemplo, quando os integrantes do programa “Pânico na TV” lançam a dança do caranguejo, ou quando o Alexandre Pato faz o símbolo do coraçãozinho na comemoração de um gol. Todos repetem gestos e tendências expressos por celebridades, aqueles que têm vitrine nos meios de comunicação de massa, principalmente na televisão. Este talvez seja o caráter escravizador do estágio atual em que se encontra o capitalismo, embora as pessoas não se dêem conta disso.

"Não fique de fora"

O problema é quando a ideologia da moda e os padrões de estética e beleza impostos pela mídia escrita, televisiva e falada, são transportados para o mercado de trabalho, por exemplo. E o que vemos é uma juvenilização em cada ramo profissional que muitas das vezes se mostra perigosa. Jovens juízes sem memória histórica, que não conhecem a Constituição de 88 e o quanto foi caro conquistá-la, uma das maiores vitórias do povo brasileiro, têm cometido erros gravíssimos em todas as instâncias do judiciário nacional. No jornalismo, a juvenilização das redações têm sido implacável, ocasionando queda de qualidade de um serviço extremamente importante para a democracia e a liberdade de nosso povo, haja vista o que vem ocorrendo com o Jornal do Brasil.

Não significa que o jovem não é capaz, muito pelo contrário, mas o ideal é que as experiências e média de idade dos funcionários de qualquer empresa sejam mesclados de forma eqüitativa. O problema é a juvenilização desenfreada, generalizada, resultado do achatamento dos salários, sina do sistema que progride em razão geométrica.

Se aplicarmos a lógica consumista à arte, teremos uma manobra orquestrada no sentido de empobrecimento do produto intelectual do artista, que passa a ser fabricado em série. O talento e criatividade não mais significam, e sim que tipo de gente aprecia determinada tendência artística que está sendo cultuada, ou melhor, consumida no momento. Trata-se da cultura consumida como um simples objeto que traz ao consumidor prestígio ou ascensão social, como assinalado por Baudrillard, na obra supracitada.

Os conteúdos veiculados por artistas fabricados em série como Ivete Sangalo e suas variantes, nas oficinas e conglomerados fabris dos meios de comunicação de massa, principalmente os estúdios de televisão, visam ao entorpecimento crítico e reflexivo do receptor, estratégia para que continuem consumindo qualquer lixo cultural que lhes é imposto sem qualquer tipo de questionamento. “Compre Batom, compre batom, compre batom...” A arte de qualidade, pelo contrário, é contestadora e subversiva, como o já citado filme de Costa-Gravas.

Este estágio de torpor crítico e refletivo também é muito provocado pela publicidade. O que seria do fascismo ou do nazismo sem a propaganda de convencimento das massas veiculadas pelo rádio e pelo cinema? Adquira tal produto que serás aceito, terá destaque, todas as mulheres lhe desejarão. Aceite tal idéia pois é a melhor e todos os outros já a aceitaram, não fique de fora, somos uma raça superior mesmo; foi assim que foi possível o Holocausto, maior crime da história da humanidade e que expôs o caráter bestial da raça humana, evento que deve ser lembrado e trazido à discussão agora em que se completam 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial. Mas que, espantosamente, não foi levantado por nenhum jornal ou meio de comunicação. Por que será? Aqui, cabe uma ressalva para a série de quatro programas especiais do Observatório da Imprensa, comandado pelo jornalista Alberto Dines e que vai ao ar às terças-feiras pela TV Brasil, sobre aquela triste efeméride. (ver aqui http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=562JDB007).

Panacéia universal

Em relação à ação orquestrada dos meios de comunicação para reduzir a capacidade crítica e reflexiva do receptor, será de grande valia lembrarmos o autor Ivo Luchessi. O teórico afirma, no ensaio “A cultura do olhar”, que “o universo midiático é uma grade tentacular usada pelo sistema, visando ao seu próprio benefício”. Dessa forma, os conteúdos são veiculados de maneira a fazer prevalecer os interesses das grandes empresas capitalistas, já que estas patrocinam os meios de comunicação, através da compra dos espaços comerciais, ou “reclames do plin-plin”, como diz o Faustão. Para tanto, é necessário investir na educação do “olhar ingênuo”, contemplativo e divagante, em detrimento de uma leitura prospectiva do que está sendo mostrado, com apreensão crítica e questionadora por parte do espectador, o que configura o “olhar perverso”, inquieto e angustiado. Ivo Luchessi destaca três mecanismos utilizados pela mídia eletrônica para anestesiar criticamente o telespectador: a superposição das imagens-informação; a justaposição de conteúdos desconexos e a interrupção do envolvimento subjetivo, em favor dos comerciais.

Aliados à tecnologia, os conteúdos veiculados pelo sistema midiático em sua programação perniciosa, visam apenas ao prazer imediato, sem nenhuma exigência reflexiva por parte do receptor, que, seduzido, se entrega à satisfação e ao deleite do entretenimento, sem fazer nenhum esforço em pensar e, conseqüentemente, não absorvendo nada. Dessa forma, a mídia contribui para o culto ao prazer, onde todos o procuram incessantemente, sem se darem conta que é justamente no enfrentamento das experiências de dor e sofrimento que o “ser” se fortalece e a subjetividade vai se fundamentando.

Dessa forma, as pessoas são empurradas programaticamente para o consumismo, numa tentativa de auto-satisfação através do “objeto”. As relações entre seres humanos ficam restritas à aparência, os indivíduos passam a valer o que possuem, o que ostentam e, diante de qualquer situação desagradável, qualquer incômodo, procuram a cura através de um “banho de loja”.

* Artigo publicado no Observatório da Imprensa. Edição nº 563 (10/11/09). http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=563JDB006

Reproduzido no site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). www.fenaj.org.br/materia.php?id=2875.

Reproduzido no portal do Grupo Educação Popular (GEP). http://levantefavela.wordpress.com/o-consumismo-alardeado-pela-midia/.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Política nacional: uma zorra total

Um dos melhores quadros do humorístico Zorra Total, quando o programa ainda valia a pena, era aquele em que o grande ator Agildo Ribeiro aparecia caracterizado como Paulo Maluf, sempre envolvido em alguma falcatrua e repetindo seu bordão: "não sei de nada".

A brincadeira passou a ser de mau gosto quando saiu das telas e encontrou eco nos discursos do presidente Lula na época em que estava envolvido no escândalo do mensalão. Difícil de acreditar nele. Só que mais difícil ainda é acreditar no mesmo bordão pronunciado agora por Sarney, este homem acima de todos nós e que, portanto, não deve ser julgado como um qualquer por parte da Justiça e da sociedade, como lamentavelmente apontou Lula, fazendo coro com o velho oligarca do Maranhão, quando este discursou da tribuna do Senado em defesa própria, alegando não saber de nada que diga respeito aos atos secretos.

Os defensores desse deplorável brasileiro argumentam, como o fez Gilmar Mendes, presidente do STF, que Sarney foi essencial para o processo de abertura política quando a ditadura miltar finalmente ruiu em 1985, merecendo, pois, um tratamento diferenciado por tantos anos de serviço público prestado ao Brasil. Vai dizer isso para o povo do Maranhão, estado em que Sarney, com a ajuda de sua máfia (família), veste a carapuça de senhor feudal há mais de quatro décadas. Não é à toa que o Maranhão, galinha dos ovos de ouro dos Sarnentos, apresenta a maior parcela de terras concentradas do globo e o segundo menor Índice de Desenvolvimento Humano do País, à frente apenas do Piauí.

A rejeição dos maranhenses ao milionário Sarney e seus aliados foi verificada nas recentes eleições estaduais, nas quais o opositor ao clã explorador Jackson Lago obteve ampla maioria nas urnas, mas foi arrancado do cargo graças ao golpe que recolocou Roseana e os Sarnentos no controle. Nada mais do que a velha prática dos coronéis. Sarney hoje é presidente do Senado pelo estado do Amapá, pois seus conterrâneos do Maranhão de há muito têm ojeriza pelo caquético colonizador.

Se a implantação da democracia dependesse dele, até hoje estaríamos a ver navios. Basta lembrar que a campanha pelas Diretas-Já, heroicamente construída e levada a efeito por Teotônio Vilela, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Dante de Oliveira, Henfil e diversos artistas em conjunto com a sociedade, encontrou em Sarney seu mais ferrenho opositor. Ele apenas, malandramente, nadou a favor da maré, da direita para a esquerda, a fim de não perder a mamata. Largou a Arena, partido da ditadura do qual foi presidente, e entrou como vice na chapa democrática de Tancredo Neves, quando percebeu que a abertura política do País era inevitável.

Agora, envolvido no escândalo dos 663 atos secretos não publicados no Diário do Senado para escamotear casos de nepotismo e criar cargos em larga escala, ele diz não saber de nada. Como assim, se os maiores privilegiados com a transação foram seus familiares e a maioria das assinaturas dos atos são do ex-diretor-geral Agaciel Maia, posto no cargo há 15 anos atrás pelo próprio Sarney? Raposa velha, sabe que na política impera a máxima: "é dando que se recebe". Pois bem, fez tantos favores aos que estão hoje na cena política nacional, que todos sentem constrangimento de lhe pedir a cabeça, até mesmo Lula, apoiado por ele que foi para a presidência da República em 2002.

Nesta semana, leio nos jornais uma notícia informando que o procurador da República Marinus Marsico vai pedir uma investigação dos atos secretos por parte do Tribunal de Contas da União (TCU). Nesse momento, me volta à mente a figura do Paulo Maluf, que pretende enviar ao Congresso um projeto de Lei que prevê punição para os procuradores que denunciarem parlamentares por corrupção. Se depender de Sarney, a matéria está, desde já, aprovada.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Considerações sobre o rádio no Brasil *

Alguns fatos importantes marcaram o ano de 1922, como a realização da Semana de Arte Moderna, a criação do Partido Comunista do Brasil, o levante dos 18 do Forte e o centenário de independência do Brasil. Para a comemoração deste acontecimento, no dia 7 de setembro, foi organizada a Exposição Internacional, em cuja abertura o então Presidente Epitácio Pessoa teve seu discurso reproduzido por um sistema de radiotelefones em forma de cornetas. Era a primeira transmissão radiofônica no País.

A demonstração foi organizada pela Western Electric, a Westinghouse e a Rio de Janeiro e São Paulo Telephone Company, por meio de uma pequena estação de 500W, instalada no alto do Corcovado. Além do discurso de Epitácio Pessoa, houve a execução da canção “O aventureiro”, da ópera “O guarani”, de Carlos Gomes. Os sons ouvidos na Exposição também foram captados no Palácio Monroe, no Palácio do Catete, nos Ministérios, em Niterói e na Prefeitura de Petrópolis, devido a 80 receptores que vieram dos EUA e foram distribuídos para políticos e personalidades da época.

O veículo reinou absoluto entre os brasileiros durante a primeira metade do século passado, atingindo o auge nas décadas de 30 e 40, até perder espaço para a televissão a partir dos anos 50. No rádio, as transmissões de jogos de futebol e corridas de cavalos, os programas de calouros, as radionovelas e as notícias das guerras arrebanhavam audiência por todo o País.

Na narração esportiva, um dos grandes destaques nessa época foi Ary Barroso, embora alguns digam que não tinha talento, a não ser como compositor. O que fazia o sucesso dele, flamenguista doente, era não somente a audiência da torcida rubro-negra, que tinha em Ary seu mais fanático representante, como também a das torcidas dos demais clubes cariocas, que se divertiam ao ver a reação do radialista quando seu time ia mal. Ary demonstrava assintosamente sua paixão pelo Flamengo durante as transmissões, tendo abandonado o microfone para tirar satisfações com o juiz, durante a final do campeonato carioca de 52, disputado entre Vasco e Flamengo.

Ary também se destacou como revelador de talentos em seu programa de calouros, onde tocava um gongo japonês interrompendo a apresentação daquele que julgava não ter talento. Isso não aconteceu com Elza Soares, quando foi ao seu programa tentar a sorte. A cantora narrou o episódio durante o programa “Sarau”, que foi ao ar no último dia 12 de junho, pela Globo News. Elza contou que quando ouviu seu nome ser anunciado por Ary Barroso, foi para o auditório, sendo recepcionada pela risada generalizada do público e pela indagação do compositor: “O que você veio fazer o aqui”? Elza usava um vestido de sua mãe todo enrolado até os joelhos e tinha um aspecto visivelmente maltratado, já que nessa época morava na rua. “Vim cantar”, respondeu Elza. A cantora lembra que terminou sua apresentação sendo ovacionada pela plateia e abraçada com Ary Barroso, que sentenciou: “Nasce uma estrela”!

Mas nenhum outro fenômeno teve tão impacto sobre o público como as radionovelas, que tiveram início na década de 40, e revelaram grande artistas como Mário Lago, Dayse Lúcidi, Dalva de Oliveira, Oduvaldo Cozzi, Paulo Gracindo e os integrantes da família Faissal. “Em busca da felicidade” primeira radionaovela que foi ao ar no dia 12 de julho de 1941, permaneceu na programação da Rádio Nacional durante três anos. Contando a história dos protagonistas Alfredo e Alice Medina, interpretados por Rodolfo Mayer e Ísis de Oliveira, o fenômeno de audiência assegurou um modelo que persiste imutável até hoje na televisão, garantindo alguns milhões de reais por ano para a Rede Globo.

Conforme o rádio construía uma audiência sólida, foi despertando interesse da imprensa. A primeira seção jornalística especializada no meio de comunicação foi publicada nas páginas da Gazeta de Notícias, em 19 de abril de 1923, com o título “Radiophonia”. Em 13 de outubro do mesmo ano, editada pela Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, surgiu a primeira publicação dedicada inteiramente ao veículo, a Revista Rádio. Publicada bimestralmente, podia ser adquirida também em Buenos Aires e Montevidéu e tinha como anunciantes empresas produtoras ou revendedoras de equipamentos de rádio.

Mais tarde, outras publicações especializadas se destacaram, como a Revista do Rádio — que circulou de 1949 a 1970, com tiragem média de 50 mil exemplares — e a Radiolândia, lançada em 52 e editada durante dez anos. Em São Paulo, merecem destaque o Guia Azul, que circulou de 1939 a 1948, e a Radar, que teve mais curta duração, de 51 a 53.

Outro grande sucesso da Rádio Nacional nas décadas de 30 e 40 eram os discursos do Presidente Getúlio Vargas, que criou o programa “A voz do Brasil” para divulgar seus feitos durante o governo populista. Getúlio, conhecido na época como “o pai dos pobres”, utilizava o rádio nos anos 30 com uma habilidade política que invejaria Obama nos tempos de campanha online. Fato político que também teve ampla repercussão no rádio brasileiro, foi a transmissão das notícias que vinham dos campos de batalha da Segunda Gurra Mundial e a Guerra Civil Espanhola.

No entanto, a partir dos aos 50, a televisão foi se popularizando no Brasil, atraindo a atenção dos ouvintes, que passaram a ser conhecidos como telespectadores. Fora as imagens, nada de novo. Os programas de sucesso na televisão, nada mais são do que cópias do que acontecia no rádio antes de sua chegada. Novelas, concurso de calouros, festivais de música...

* Artigo publicado no Observatório da Imprensa. Edição nº 553 (01/09/09). http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=553IPB008

Reproduzido no site Sulrádio — Consultoria em radiodifusão
http://www.sulradio.com.br/destaques/destaque_26283.asp

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Papo verde

Será que o ser humano representa mesmo o mais alto grau da espécie viva na Terra? Dizem que atingimos esse patamar por sermos portadores da faculdade de pensar, da razão. Temos a possibilidade de vislumbrar o sim e o não, a verdade e a mentira, e escolher qual caminho seguir. Aí é que mora o perigo: a qualquer tentação, principalmente quando envolve dinheiro e poder, o homem se corrompe e empulha seus semelhantes e o planeta que os abriga.

Se formos pensar, fazendo valer nossa condição de seres mais elevados, perceberemos que o homem não é apenas o lobo do próprio homem, como disse Thomas Hobbes, mas que é o sanguessuga de toda vida no planeta. Claro, já que é o mais desenvolvido, está no topo da cadeia alimentar, se nutrindo de todas as outras espécies e as devastando, pois a civilizção não aprendeu a conviver em equilíbrio com a natureza, como faziam os primeiros habitantes deste país, aqueles não civilizados, que nem roupa tinham e usavam folha de bananeira para tapar o sexo, totalmente em comunhão com a antureza.

Estamos no alto, mas o topo é o céu, o mar e a terra, eles é que se encarregarão de alimentar a cadeia da vida e fazer o planeta continuar girando indepedentemente dos seres nocivos que o habitam. Por ser mãe, a natureza fornece o indispensável para a vida de todos os seres e ensina, às vezes de forma severa, com tsunamis, terremotos e temporais, como estes que recentemente têm castigado nossos patrícios de Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a maneira correta de se respeitar os mais velhos, principlamente se for a própria mãe...natureza, que nos recebeu há centenas de milhões atrás.

Ela está nos castigando pra ver se tomamos tenência. O problemas é que, nesse caso, as tradicionais palmadinhas no bumbum são catastrofes naturais que causam milhares de mortes por ano. A teoria de Darwin não pára no ser humano, ela se estende. O planeta é muito maior e mais significativo do que nós, medíocres mortais, e como não estamos bem adaptados e não conseguimos viver em harmonia com o ambiente que encontramos quando o primeiro primata se ergueu sobre duas pernas na África, seremos eliminados do universo. É a seleção natural.

Da mesma forma que uma mãe desdenha o filho que nasce deficeinte ou do sexo que não a agradou. Ou as cadelas, que se alimentam de seus filhotes quando nascem com problemas de formação, acontecerá com a raça humana. Só espero não estar aqui para ver o céu escurecer ainda de dia. Pelo menos acredito que o apocalipse seja anunciado dessa forma.